Pensando sobre um assunto, estudando na matéria que infelizmente está acabando, lendo e até vendo em filmes, resolvi escrever sobre para tentar esclarecer um pouco mais, acho que mais pra mim mesma.
Para começar devo afirmar que nunca gostei (talvez pela maneira que me foi apresentado inicialmente, acredito que de forma forçada) dos filmes de Matrix. Apesar de já ter visto os três, nunca havia me interessado pela estória, pela idéia, enfim, pelo filme. Por nenhum deles. E já ouvi várias analogias da estória do filme como o personagem principal ser comparado com Jesus ou com o anticristo. Várias, muitas mesmo, citações em assuntos de simbologias e afins. Enfim, muitos motivos a mais para eu não me interessar pelo filme. Acho que pela polêmica que causou.
Mas como disse, lendo e estudando sobre esse assunto, me chamou a atenção o fato de o filme, a meu entendimento, conter um pouco disso. Disso o que? Sociedade, influência, dominância, padrão, certo e errado. Enfim, na verdade são vários assuntos que estão interligados e que a meu ver, o filme consegue mostrar de forma clara. Minha intenção nesse post não é falar de Matrix, apenas citar uma parte importante, a essência. Devo me adiantar que nada do que eu disser aqui deve ser considerado como o certo, apenas o meu ponto de vista, o meu entendimento a respeito de tudo o que eu disser.
Todos que já assistiram Matrix devem saber sobre a questão central do filme, sair da Matrix. O significado disso, todos devem saber também, é referente a querer ser diferente, a não ter que "engolir" tudo que nos é imposto coletivamente. O fato de o personagem principal ser "O escolhido", é por ele ser alguém crítico, que não é conformado com apenas o que lhe é ensinado como o correto para se ter uma vida em sociedade. E mais do que isso, quando a verdade lhe é apresentada, ele acredita que é capaz de ser/fazer diferente. Ele acredita e faz. Eis o motivo de ser o escolhido.
Uma vez alguém me disse que acredita estar vivendo em uma prisão, onde tudo já está determinado, desde o nascimento. Uma vida onde você precisa estudar para conseguir trabalhar e se sustentar. Uma vida onde não se pode ser diferente do que foi determinado como o correto para se "viver bem". Mas o que é uma vida em sociedade senão seguir regras e normas? Cada sociedade tem uma cultura, muitas vezes tão diferente da nossa, e por isso cada sociedade é diferente uma da outra. Agora pensando mais afundo, independente da cultura, existem padrões que são impostos pela sociedade como correto ou errado que as vezes, são (im)possíveis mudar, diferir. São fatos que não podem ser mudados pelo fato de a pessoa não acreditar ser possível e fatos onde muitas vezes é preferível permanecer para ser aceito, pois normalmente quem difere é excluído.
Já nos disse Simone de Beauvoir, em seu extenso estudo sobre o verdadeiro significado da condição feminina que, “Ninguém nasce mulher; torna-se mulher”. Em resumo, tudo o que somos, é apenas o que fomos ensinados e moldados a ser. Afinal, esse é o papel da sociedade não é mesmo? Como diz Pink em sua música: "Done looking for the critics cause they're everywhere. They don't like my jeans, they don't get my hair. Stringe ourselves. And we do it all the time. Why do we do that?" Apenas porque assim fomos ensinados. Sim, somos ensinados a seguir um padrão, aprendemos em casa, na escola, no trabalho, na mídia (oh, como ela gosta de nos ensinar isso!), na rua, enfim, em nossa sociedade.
Mas agora voltando ao escolhido de Matrix. Ele foi o que foi porque foi o único capaz de acreditar de verdade em tudo que foi capaz de fazer. Vou tentar explicar usando como exemplo um hipnoterapeuta que certa vez soube de uma pessoa que estava com uma doença de pele. Infelizmente não consegui localizar a matéria sobre o fato para linká-la mas vamos lá. Ele usou hipnoterapia para curar o indivíduo. Quando o médico do paciente soube da notícia, a principio achou impossível ter realmente ocorrido pois a doença era incurável. Muitas pessoas, quando souberam disso, procuraram o hipnoterapeuta para conseguir a cura. Mas, infelizmente ele soube pelo médico que a doença era incurável e nunca mais conseguiu curar novamente. Por que não? Porque o médico disse que não era possível, pois a doença era incurável. Sua mente que antes desconhecia o fato, acreditou e fez mas, apartir do momento que recebeu a nova informação, ficou condicionada a ela.
Já vi por aí muitas pessoas que acreditam que você é o que você acredita ser. Que você faz o que acredita ser capaz, sendo acreditar algo muito mais profundo que apenas dizer "eu acredito", algo que em Matrix, apenas um foi capaz de crer tão profundamente que foi capaz de não acreditar em sua morte e não morrer mesmo "estando morto". Aliás, para quem pensa assim também, recomendo uma
leitura. E que seja lida preferencialmente com a mente bem aberta.
O fato é que de fato somos condicionados a tantas coisas pela sociedade (e digo pela sociedade não criticando mas, é nela que vivemos, logo é ela quem nos condiciona) que fica difícil viver. Penso como as pessoas aceitam tantas coisas, penso como eu aceito tantas coisas inaceitáveis na minha concepção. É mais cômodo apenas aceitar e continuar seguindo mas, um dia vai ter que ser diferente.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta. A gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto... Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém. - John Lennon