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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Resilience


"Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável devemos transformá-la e quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos."
                                                                                                                           Viktor Frankl


Há algum tempo atrás, por volta de dois anos, eu postei algo relacionado ao que irei falar hoje. E isso porque esse assunto, no momento, tem me interessado novamente, resiliência. De acordo com estudiosos do tema, a origem do termo pode ser discutida sob três pontos de vista: o físico, o médico e o psicológico. Eu poderia acrescentar mais um, não teórico, que é utilizado em jogos. Nesse quarto ponto, o individuo adquire resiliência através de itens e encantos para diminuir o dano crítico dos oponentes. Mas, já falei sobre isso então voltemos à teoria.
No primeiro ponto, a resiliência é a qualidade de resistência de um material ao choque, à tensão, à pressão, a qual lhe permite voltar, sempre que é forçado ou violentado, à sua forma ou posição inicial - por exemplo, uma barra de ferro, uma mola, elástico etc. No segundo, a resiliência seria a capacidade de um sujeito resistir a uma doença, a uma infecção, a uma intervenção, por si próprio ou com a ajuda de medicamentos. Já no terceiro ponto, a resiliência também é uma capacidade de as pessoas, individualmente ou em grupo, resistirem a situações adversas sem perder o seu equilíbrio inicial, isto é, a capacidade de se acomodar e reequilibrar constantemente. 
É preciso acrescentar ainda o fato de que toda e qualquer pessoa passou ou passará por algum tipo de dificuldade, seja no âmbito emocional, social, físico ou econômico. Isso, para reforçar a tese do senso comum de que não há uma existência humana plenamente feliz e completamente protegida das incertezas da vida.
Observando pessoas em várias situações, surgem muitas perguntas. Como algumas pessoas conseguem enfrentar situações adversas ao desenvolvimento humano? Por que alguns são mais vulneráveis que outros diante de situações de risco? Por que outros indivíduos apresentam invulnerabilidade e competência para manejar situações estressantes? Como alguns seres humanos podem se recuperar de grandes perdas materiais e/ou emocionais? Quais seriam as variáveis que possibilitam a alguns superar seus infortúnios de forma a estes não interferirem no desenvolvimento emocional posterior?
O conceito de resiliência está envolto em ideologias relacionadas à noção de sucesso e de adaptação às normas sociais. No entanto, esta noção funda dois grupos: os resilientes e os não-resilientes. Porém resiliência não se trata de resistência absoluta às adversidades. O nome disso é bolha. Em palavras simples, é um fenômeno no qual a pessoa, apesar das dificuldades e adversidades, consegue "dar a volta por cima" e ficar bem de verdade posteriormente.
J. Tavares em seu livro A resiliência na sociedade emergente afirma que “Ajudar as pessoas a descobrir as suas capacidades, aceitá-las e confirmá-las positiva e incondicionalmente é, em boa medida, a maneira de as tornar mais confiantes e resilientes para enfrentar a vida do dia-a-dia por mais adversa e difícil que se apresente”.
Estudando sobre o assunto, percebe-se certa concordância entre os autores que afirmam a importância de uma Instituição, sendo a própria família ou não, na construção e desenvolvimento da resiliência em conjunto com a própria pessoa.
O conceito de resiliência não se trata de uma espécie de escudo protetor que alguns indivíduos teriam, mas a possibilidade de flexibilidade interna que lhes tornaria possível interagir com êxito, modificando-se de uma forma adaptativa em face dos confrontos adversos com o meio exterior. Assim, resiliência não seria uma forma de defesa rígida, ou mesmo de contrapressão à situação, mas uma forma de manejo das circunstâncias adversas, externas e internas, sempre presentes ao longo de todo o desenvolvimento humano.
 A pessoa resiliente parece de fato salientar-se por uma estrutura de personalidade precoce e adequadamente diferenciada, a par com uma acrescida abertura a novas experiências, novos valores e a fatores de transformação dessa mesma estrutura, que apesar de ser bem estabelecida, é flexível e não apresenta resistência à mudança. Aliás mudança talvez seja a palavra-chave pois, como já nos disse Viktor Frankl, citado no inicio do post, é necessário mudar a circunstância quando não nos é favorável e mudar a nós mesmos quando a situação não pode ser mudada. E isso é possível pois o ser humano está em constante mudança para uma melhor adaptação às condições, muitas vezes impostas, para sobreviver. E assim tem ocorrido por muitos séculos não é?
Mas, voltando à uma pergunta feita anteriormente, por que alguns são mais vulneráveis que outros diante de situações de risco? Diversos autores concluíram em suas pesquisas que, a capacidade de amar e ser amado, trabalhar, ter expectativas e projetos de vida denota ser a base onde as habilidades humanas se apoiam para serem utilizadas diante das adversidades que todos enfrentamos, seja em maior ou menor intensidade, durante toda a vida.
Got it?

1 comentários:

Nell disse...

Gostei do texto. Apesar de ser um tema um pouco difícil de ser compreendido por qualquer pessoa. Mas como sei q os posts no seu blog não tem intenção de atrair visitantes simplesmente por atrair, (como as mídias sensacionalistas costumam fazer) desejo uma boa leitura a quem foi contemplado com a capacidade de apreciar seus ótimos textos.